quinta-feira, 2 de agosto de 2012

JULGAMENTO OU MISERICÓRDIA?


            Quem nunca imaginou como é o Céu? Quem nunca se perguntou sobre como será sua chegada lá? Será que realmente Deus estará lá com um livro gigante em mãos, onde cada segundo da nossa vida está escrito, onde será decidido se iremos entrar ou virar churrasco no inferno? Queria partilhar aqui minha visão sobre a entrada do Céu e como vejo nossa recepção pelo Todo Poderoso.
            Quer saber, realmente imagino que Jesus está lá, ao lado de uma grande porta fechada e com nosso livro da vida em mãos, onde nossos pecados e nossa maldade estão destacados em caneta vermelha (até o fim da minha vida Deus ainda vai gastar muita tinta vermelha #CompraUmaImpressoraSenhor). Nós vamos caminhando lentamente até Ele e pelas TVs instaladas nas nuvens (patrocínio: SKY, a sua TV por assinatura) vamos assistindo nossa vida: os dias que rimos, choramos, as alegrias, os amores, todos aqueles momentos que gostaríamos que fossem pra sempre são mostrados lá. Vamos vendo quantas obras boas fizemos e o quanto Deus agiu em nossa vida. O estranho é que nessas TVs nunca passam as obras que fizemos de mal, nem mesmo nossos pecados, mas continuamos caminhando relembrando os bons momentos de nossa vida, tudo isso ao som de uma bela música tocada pelos anjos. Cena de filme.
            Jesus nos espera pacientemente na porta, sorrindo e com o olhar mais puro e perfeito que possamos imaginar. Ao nos aproximarmos Ele nos dá um abraço de Pai e fala sobre o quanto esperou por nós e que finalmente poderemos ficar juntos, mas antes é necessário responder uma pergunta, com os olhos fixos em nós, Jesus diz:
Julgamento ou Misericórdia?
            Uma pergunta simples, que vai nos entregar ao inferno ou abrir as portas do Céu. Claro que a maioria de nós responderia Misericórdia... Será? O que me pergunto é se nessa vida tenho pedido Misericórdia ou Julgamento e triste afirmo que na maioria das vezes peço julgamento. Vale lembrar dos fariseus e da raiva de Jesus com eles, que esperavam o julgamento e se diziam perfeitos para ele, enquanto os pecadores pediam para Jesus misericórdia e no fim, eram esses que Jesus mais amava, aqueles que precisavam Dele. Será que somos os pecadores ou os fariseus de hoje?
            Se a porta do Céu for assim, o inferno está cheio de gente boa. O orgulho consome toda a nossa bondade, porque no fim das contas, ela não é nossa, é divina e a nossa grande tentação é acreditar que no fim, todo o bem que fazemos é nosso. Chegamos na porta do Céu e pedimos julgamento porque acreditamos que fizemos coisas boas demais, pedimos para que Jesus abra nosso livro, para que possamos mostrar para Ele o quanto fomos legais: fui a Igreja todos os dias, vivi uma vida de oração e jejum, ajudei os pobres, acolhi os “pecadores”.
            Jesus nem abre o nosso livro da vida, mas sim uma portinha embaixo de nós, que nos leva direto ao fogo eterno. Pobre de nós acreditarmos que temos méritos diante de Deus, pobre de nós acharmos que somos capazes de algo bom. Enquanto caímos vamos assistindo todos nossos pecados (isso demora quase o tempo todo da nossa vida passado novamente). Aquele que quer julgamento não precisa de Jesus, não precisa de Amor, não precisa de Misericórdia e uma pessoa assim jamais poderia entrar Céu, afinal, a intenção lá não é passar o tempo todo recebendo isso?
            O meu pedido por julgamento me condena todos os dias ao inferno, pois todos os dias olho o cisco no olho do meu irmão antes de olhar a trave no meu. Todos os dias coloco um fardo pesado demais sobre os outros, que eu mesmo não sou capaz de sustentar. Todos os dias me julgo superior por seguir a Lei de Cristo e me acho especial diante de Deus. Oro por aqueles que estão em pecado, não como forma de piedade, mas como forma de dizer: Senhor, eu não sou assim. Parece que eu realmente já escolhi Julgamento. Agora entendo Paulo que diz: dos pecadores, eu sou o pior.
            Jesus não morreu na Cruz como algo que simboliza nossa Salvação, Ele de fato morreu para nos colocar diante de Deus novamente e nos entregar a chance de entrar no Céu, Deus morreu pelo lixo que somos. Nós merecemos a Misericórdia? Nunca. Nós merecemos estar com Deus e ser amados por Ele? Nunca. Mas Ele quis assim. Algum dia, em nossa vida inteira, poderemos fazer algo de bom para Deus? Nunca. Se existe alguma bondade neste mundo, ela vem de Deus, não de nossas obras, podemos doar tudo o que temos, mas se fazemos isso, foi porque Deus um dia nos amou e nos intuiu a fazer a bem, não por nós mesmos. E não existe nada que vá mudar o Amor de Deus por nós, bons ou maus.
            Não nego que conseguimos fazer o bem, mas esse bem só é feito por Amor, que vem de Deus. Tentamos amar o tempo todo, nos doamos, presenteamos. Somos criaturas feitas de Amor, somos chamados a isso. Mas temos que entender o quanto somos maus e mesmo aqueles que amamos, conseguimos ferir, especialmente Deus.
            Não somos santos acolhendo pecadores, mas sim pecadores acolhendo pecadores. Não somos melhores do que ninguém, mas talvez sejamos piores. Por muito tempo me perdi em questões morais sobre pecado, se isso ou aquilo seria errado, tentando encontrar brechas na lei de Deus sobre o que eu poderia ou não fazer e muitas vezes fiquei frustrado quando descobria que tal coisa é pecado. Eu sou um pecador e corrupto ainda por cima, tentando negociar um jeito de pecar e pagar por isso com alguma coisa. Julgamento.
            Hoje só consigo imaginar que a melhor resposta pra dar pra Jesus na porta do Céu é: Senhor, nem misericórdia eu mereço, sou ruim demais pra isso. E acho que nesse momento Ele vai me olhar com Amor e dizer: Você não merece, mas Eu te Amo. Se você, que é mal, sabe dar coisas boas a seus filhos, imagine seu Pai que está aqui, no Céu. Não quero ser perfeito, quero ser imperfeito pra precisar de mais Amor, de mais Misericórdia. Sou pecador e sou tão ruim que até disso me orgulho: Obrigado Senhor, porque eu sou tão mau, que preciso ainda mais de Você na minha vida.

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