quinta-feira, 26 de abril de 2012

E O AMOR, ACABA?


              Em meu último texto falei sobre como os relacionamentos devem ser uma troca de amor: o casal se enche do Amor de Deus e assim, podem amar um ao outro por completo, sem perder suas características e personalidade.
            Amar é algo que temos por natural: Deus nos criou por Amor e se somos frutos Dele, geraremos novas árvores do amor em nossa vida, por nossos pais, familiares, amigos e nos relacionamentos. Tenho plena convicção, de fé e de vida, que nascemos para Amar, esse é o sentido de nossa vida e a única coisa que pode nos realizar, pois no Amor damos continuidade a obra de Deus em nós.
              Então se o sentido de nossa vida é Amar, romper esse sentimento é um ataque antinatural a nossa vida, como um vírus que ataca nosso corpo, nos deixando doentes e feridos. E muitas vezes o fim do Amor pode ser mais forte e mais destrutivo do que uma doença (pode até mesmo se tornar uma, com reflexos em nosso físico). E então, e quando o Amor acaba?
            Em primeiro lugar, vale pensar no Amor: não existe ferida causada por amar, existem apenas as causadas pelo não amor. Muitas pessoas sofrem com o fim de um relacionamento, acusando o amor de ter deixado feridas profundas e assim, não querem se arriscar a amar novamente e muitas vezes mudando a forma de tratar os outros e a si mesmo: a questão é que apenas o Amor pode curar essas feridas, negá-lo é não permitir que elas se cicatrizem.
            As feridas causadas pelo não amor ou pelo fim do amor, podem ser em diversos tipos de relacionamentos: pais e filhos, irmãos, amigos e casais. Não é incomum ver filhos que há anos não trocam sequer uma palavra com os pais, irmãos que nunca mais se viram, amigos que não podem nem lembrar um do outro e ex-casais que nunca mais conseguiram se recuperar do fim. O não amor é algo tão antinatural para nós, algo que fere tanto à vontade de Deus em nossa vida, que pode gerar um ciclo de ódio, mágoa e ressentimento em nosso coração que reflete em toda nossa forma e capacidade de viver.
            Esperamos sempre que o amor humano seja como o Amor de Deus: infinito e eterno. Essa é nossa busca, nosso maior anseio. Porém o amor humano é muito mais inconstante e pode chegar ao fim. E por que o Amor chega ao fim?
            O Amor não acaba, pois se acabasse, seria o fim de nossa existência. Ele é uma força incontrolável dentro de nós, o que fazemos é deixar de amar, não porque não temos mais amor, mas porque não queremos mais doá-lo. Humanamente é impossível não amar, apenas tiramos nosso foco de alguém e passamos para outro. Existem pessoas que amam seu emprego, seu animal de estimação, suas posses e outras coisas mais que o próprio ser humano. O Amor por alguém só chega ao fim se nós decidimos não amar.
          Essa é a força do Amor que precisa ser liberada, quando decidimos não amar as pessoas, precisamos liberar essa força em outras coisas e passamos a nos enganar amando coisas e usando pessoas. Isso gera todo o sofrimento humano e as grandes feridas de nosso coração, pois as coisas não são capazes de receber ou doar Amor. Um animal de estimação pode sim amar o seu dono, mas nunca compreenderá esse Amor, apenas o ser humano tem essa capacidade.
            Enfim Amar é nossa capacidade mais divina, nada nos aproxima mais do Criador do que ela e nada nos faz mais imagem e semelhança de Deus. Ao mesmo tempo, não amar é a maior forma de fugirmos de nosso sentido existencial, é o maior pecado que podemos realizar, pois não amar é bloquear Deus em nossa vida. Acredite, nunca nos arrependeremos de Amar, se acontecer, nunca foi Amor de verdade.

SER PARA OUTRO SEM DEIXAR DE SER VOCÊ


            Se existe uma coisa interessante em nós humanos é a nossa necessidade de relacionamentos. Desde que nascemos já buscamos o colo de mãe ou de pai, aquele aconchego, aquela segurança de confiar plenamente no próximo. Crescemos, ganhamos peso e nossos familiares já não são capazes de nos carregar, mas a necessidade do carinho permanece: Quem nunca fingiu estar dormindo no sofá só pra ser carregado para a cama? Passamos então a buscar esse toque nos amigos, nas pessoas próximas, passamos a conhecer nossos corpos, entramos na adolescência e essa necessidade de se relacionar ganha novas formas, novos carinhos e novos olhares, se tornando madura na vida adulta, ou ao menos assim deveria acontecer. Vamos crescendo e essa necessidade “básica” permanece, procurando alguém que a preencha completamente.
            O problema é que muitas vezes, esse alguém demora demais pra chegar. Com isso, a necessidade de relacionar-se começa a se transformar em carência. É fato que todos somos, alguns mais, outros menos, carentes. Esse sentimento é natural, somos seres que prezam pela vida social e pelos relacionamentos interpessoais, somos comunidade. Porém a carência pode se tornar um sentimento opressivo e destruidor em nossa personalidade, esmagando aquilo que Deus planejou inicialmente para nós, nos transformando em prisioneiros de nossa personalidade ou ainda pior, dos outros.
            Na infância, somos dependentes de nossos familiares, sejam pais, avós ou aqueles que se tornaram responsáveis por nosso crescimento. Nessa fase da vida, ser dependente é natural, é muito mais do que uma opção, é uma necessidade. Com o passar do tempo, os pais começam a nos “libertar” de seus cuidados: o colo passa a ser menos frequente. O correto é que nos acostumemos com essa situação, mesmo que esse momento de “abandono” familiar seja difícil. Começamos a nos moldar nas regras de convivência da sociedade.
            O problema é que as regras tem mudado após a geração televisão. O convívio social diminuiu graças a falsa ideia de interação dada pelos meios de comunicação. Cito como exemplo a missa, que antes, era um grande local de encontro da comunidade, todos iam conversar, “atualizar” seus perfis sociais, hoje a interação física deu lugar a chats na internet, até a missa muitos assistem pela TV. Isso tem feito as pessoas crescerem cada dia mais carentes de convívio e relacionamento e isso se reflete fortemente na vida adulta.
            Na adolescência a carência se transforma em desejo. Necessitamos do toque, do beijo, de sentir outras pessoas. A nossa necessidade de carinho é direcionada para os outros e queremos experimentar todas as pessoas. Quanto mais, melhor. Mas ter todos pode ser sinônimo de não ter ninguém.
            O adolescente leva os relacionamentos de maneira tão extrema que aquilo passa a ser a necessidade básica dele. Sair, festas, baladas, tudo é uma simples desculpa para estar com outras pessoas. Se o jovem está mal na escola, está tendo problemas nos relacionamentos, sejam familiares ou sejam amorosos. Muitos entram em depressão por não conseguirem encontrar alguém que preencha essa necessidade tão grande de carinho.
            Com a idade adulta, finalmente atingimos o equilíbrio emocional. Não. Dificilmente se vê um adulto que consegue lidar bem com a carência e seus relacionamentos. Os diversos problemas no amadurecimento pessoal nos fazem crescer vazios, incompletos. Passamos então a buscar essa pessoa que nos fará felizes e completos. E assim surge o grande mal do século: o homem objeto.
            Como relacionar-se é uma necessidade básica nossa, precisamos inevitavelmente do outro. Ninguém pode viver completamente sozinho. Quando a carência se torna grande demais, começamos a ferir nossa personalidade pelo social ou simplesmente pela atenção. Esse ataque pode ter dois âmbitos: ferindo a nós mesmos e ferindo os outros.
            Começando pelo segundo, nós acreditamos que somos melhores que os outros e os outros são obrigados a se adaptar a nossa personalidade e nosso modo de realizar as coisas. Isso se reflete especialmente no trabalho: sufocamos o trabalho dos outros e a forma como ele a realiza. Se estamos habituados a realizar de uma forma, alguém que o faça diferente passa a ser um inimigo em potencial. Algumas vezes sequer sabemos realizar o trabalho do outro, mas insistimos que ele realize como acreditamos ser correta. Para nós. Isso nos transforma em pessoas arrogantes e dominadoras. O problema é que quem mais sai ferido somos nós mesmos, que acabamos com nossos relacionamentos o tempo todo.
            Essa forma de ataque ao outro ainda se reflete em relacionamentos amorosos: Não aceitamos os gostos e desejos da pessoa que estamos juntos. Forçamos que a personalidade dela se adapte ao nosso modo de viver e de ser. Ela tem que gostar da nossa comida, das mesmas cores, dos mesmos filmes. Matamos a personalidade do outro por nossa arrogância de acreditar que nosso modo de ver a vida é o melhor. Por fim, acabamos isolados e sozinhos.
            Do outro lado da história vem aquele que mais sofre, aquele que fere a si mesmo, que abre mão completamente de si para o outro. Esse tipo de pessoa, em relacionamentos amorosos, se torna objeto na mão da pessoa que “ama” (em aspas porque isso é uma falsa visão de amar) e no trabalho, se torna um empregado descartável, que só se mantém por ser o tapete onde os outros podem limpar seus pés.
            Nos relacionamentos amorosos o casal tem que ceder em ambos os lados. Não é justo e muito menos correto, que apenas um abra mão de si. O problema é que a carência muitas vezes é tão grande, que a pessoa, por medo de não encontrar outro alguém em sua vida, abre mão de tudo. É a total desvalorização do ser humano, uma afronta ao Amor de Deus por cada um.
              Buscamos relacionamentos porque, como dizia Sto Agostinho: Existe em nós um vazio do tamanho de Deus. Os outros são uma pequena imagem de Deus para nós, assim, queremos nos preencher apenas no outro e esquecemos que Deus pode nos preencher completamente. Temos que ser para o outro o mesmo que queremos que ele seja para nós, temos que ter o Amor perfeito, de Deus, para ser Amor para o outro. Se encontramos a fonte inesgotável do Amor, que está em Jesus, podemos nos doar para o outro sem nunca nos esvaziarmos e sermos, no outro, completos. Sem o Amor de Deus, somos incompletos e dois seres vazios, não podem se completar. O relacionamento verdadeiro é sim, a três: o homem, a mulher e Deus.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

domingo, 22 de abril de 2012

Eu Quero Me Apaixonar por Ti - Amor e Adoração

Um música bem legal, valeu Ana Clara! Fique com Deus!

O Aborto de Anencéfalos e o Sofrimento


            Recentemente acompanhamos na mídia a votação dos ministros do STF pela legalização do aborto de bebês anencéfalos, ou seja, bebês que irão nascer sem parte do cérebro. Os ministros fizeram belos discursos, tanto os que estavam contra, como os que eram a favor, com palavras difíceis e argumentos mais ainda. No fim, a maioria achou que era inconstitucional negar a uma mãe o “direito” de decidir sobre a vida do filho, que nascerá deficiente, comparando o “fardo de carregar um bebê destinado à morte no útero” com tortura.
            Não quero entrar em méritos sobre a vida do anencéfalo, sou completamente contra o aborto em qualquer circunstância. Faço minhas as palavras do ministro Cezar Peluzo: “só o fato de discutirmos a morte do anencéfalo já mostra que ele tem vida”. O que quero refletir aqui é algo diferente, que vem dos argumentos em defesa das mães: Segundo os ministros, temos que minimizar o sofrimento das mães, permitindo o aborto de uma criança que só irá causar dor e tristeza.
            É estranho a proporção que a ausência do sofrimento tem tomado em nossa sociedade hoje. Vivemos no mundo do prazer, do gozo, da alegria sem limites e sem responsabilidades. O que me pergunto é: será que isso realmente existe ou será que estamos tentando maquiar o sofrimento natural da vida, fingindo que vivemos nos comerciais de TV, onde tudo é perfeito e o mundo sorri pra você?
            O aborto de anencéfalos só vem confirmar isso. Antes mesmo de nascer, o bebê já é condenado como uma maldição, alguém que só trará somente dor e sofrimento. Ele é imperfeito e a imperfeição não é aceita pra sociedade. Nos colocamos no lugar do Criador e “abortamos o trabalho mal feito de Deus” que assim julgamos. Não entendemos as razões de Deus e achamos que Ele erra quando coloca algo ou alguém que pode nos trazer sofrimento, mas como já dizia o poeta: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.
            Tudo na vida que pode nos fazer sofrer deve ser eliminado, porém as dificuldades e problemas virão de qualquer forma e o que mais errado podemos fazer é negá-lo ou abortá-lo. Negar só nos faz mais fracos e nunca conseguiremos lidar com situações maiores. Uma mãe que não é capaz de amar um filho anencéfalo ou deficiente nunca será uma boa mãe, pois ela não quer um filho, ela quer um produto para se satisfazer e esse produto tem que estar em perfeito estado, como ela imagina a perfeição vendida pela sociedade, ou seja, compra e satisfação garantida. Uma vida inocente é tratada como um produto defeituoso.
            Enfim, o aborto de anencéfalos é só um reflexo do ideal de perfeição e ausência de sofrimento da sociedade atual. Como então vamos aceitar um Cristo, que morre humilhado e destruído em uma Cruz? Bem, Ele foi capaz de transformar a Cruz em glória. Será que somos capazes de transformar nosso sofrimento em glória? Só por Ti Jesus.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Rezo, logo existo!


                 Quando fui criar este blog, fiquei em dúvida sobre o nome. Tentei muitas possibilidades, nomes aleatórios que vinham em minha mente (cheguei a tentar até meu próprio nome), mas não me satisfaço facilmente e passei horas olhando para o computador, vendo o cursor do mouse piscar, esperando minha resposta.
            Eis que veio a inspiração: Penso, logo existo. Frase famosa, plagiada e satirizada de René Descartes. Realmente vi minha existência ali, enquanto refletia sobre o nome do blog, mas não foi o ato de pensar que me fez sentir parte de um mundo real, existente. No momento em que abaixei minha cabeça e fiz uma pequena prece, vi o valor do meu existir: Rezo, logo existo.
            Disse apenas: Senhor, este blog é pra falar sobre a vida e sobre Você, me dê inspiração. Pronto. A frase surgiu como uma luz que se acende na minha mente, típico de desenhos animados, acompanhada desta que seria a primeira reflexão deste humilde blog. Eu existo neste mundo porque Alguém me desejou aqui antes e a oração é a forma como posso entrar em contato com o real sentido de minha existência, sim, Ele mesmo, Deus.
            Sou formado em Cinema e Audiovisual e minha mente não para de criar cenas cinematográficas pra descrever fatos da vida, nesse caso em especial, só consigo imaginar assim: Imagine o mundo visto de cima, bem do alto, onde as pessoas parecem formigas. Todos estão vivendo seus caminhos em meio a agitação do dia a dia. Todos parecem pontos cinzas, sempre apressados para atingirem seus objetivos. De repente, uma dessas pessoas cinzas para, olha pra cima e fala alguma coisa. Para qualquer um seria impossível ouvir, devido à altura, mas Esse que olha de cima entende muito bem. Aquela pessoa não é mais cinza. Como no Google Maps, ela tem uma marcação, um grande destaque, ela EXISTE em meio à multidão.
            É assim que me sinto quando faço uma oração, alguém que existe para Deus, que está sendo carinhosamente observado por Ele. Rezo e pra Ele eu existo. Essa é a intenção desse blog, escrever rezando ou rezar escrevendo, não sei, mas usar esta ferramenta pra mostrar pro Senhor: Ei, eu estou aqui. Eu existo. E sim, Ele sabe disso.