domingo, 22 de abril de 2012

O Aborto de Anencéfalos e o Sofrimento


            Recentemente acompanhamos na mídia a votação dos ministros do STF pela legalização do aborto de bebês anencéfalos, ou seja, bebês que irão nascer sem parte do cérebro. Os ministros fizeram belos discursos, tanto os que estavam contra, como os que eram a favor, com palavras difíceis e argumentos mais ainda. No fim, a maioria achou que era inconstitucional negar a uma mãe o “direito” de decidir sobre a vida do filho, que nascerá deficiente, comparando o “fardo de carregar um bebê destinado à morte no útero” com tortura.
            Não quero entrar em méritos sobre a vida do anencéfalo, sou completamente contra o aborto em qualquer circunstância. Faço minhas as palavras do ministro Cezar Peluzo: “só o fato de discutirmos a morte do anencéfalo já mostra que ele tem vida”. O que quero refletir aqui é algo diferente, que vem dos argumentos em defesa das mães: Segundo os ministros, temos que minimizar o sofrimento das mães, permitindo o aborto de uma criança que só irá causar dor e tristeza.
            É estranho a proporção que a ausência do sofrimento tem tomado em nossa sociedade hoje. Vivemos no mundo do prazer, do gozo, da alegria sem limites e sem responsabilidades. O que me pergunto é: será que isso realmente existe ou será que estamos tentando maquiar o sofrimento natural da vida, fingindo que vivemos nos comerciais de TV, onde tudo é perfeito e o mundo sorri pra você?
            O aborto de anencéfalos só vem confirmar isso. Antes mesmo de nascer, o bebê já é condenado como uma maldição, alguém que só trará somente dor e sofrimento. Ele é imperfeito e a imperfeição não é aceita pra sociedade. Nos colocamos no lugar do Criador e “abortamos o trabalho mal feito de Deus” que assim julgamos. Não entendemos as razões de Deus e achamos que Ele erra quando coloca algo ou alguém que pode nos trazer sofrimento, mas como já dizia o poeta: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”.
            Tudo na vida que pode nos fazer sofrer deve ser eliminado, porém as dificuldades e problemas virão de qualquer forma e o que mais errado podemos fazer é negá-lo ou abortá-lo. Negar só nos faz mais fracos e nunca conseguiremos lidar com situações maiores. Uma mãe que não é capaz de amar um filho anencéfalo ou deficiente nunca será uma boa mãe, pois ela não quer um filho, ela quer um produto para se satisfazer e esse produto tem que estar em perfeito estado, como ela imagina a perfeição vendida pela sociedade, ou seja, compra e satisfação garantida. Uma vida inocente é tratada como um produto defeituoso.
            Enfim, o aborto de anencéfalos é só um reflexo do ideal de perfeição e ausência de sofrimento da sociedade atual. Como então vamos aceitar um Cristo, que morre humilhado e destruído em uma Cruz? Bem, Ele foi capaz de transformar a Cruz em glória. Será que somos capazes de transformar nosso sofrimento em glória? Só por Ti Jesus.

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