Muitos
comentaram comigo que o último texto terminou um pouco triste, como se não
houvesse como encontrar felicidade aqui, como se tivéssemos que ter esperança
apenas no Céu e que nossa vida aqui é frustração em busca de uma felicidade que
só encontraremos na morte, que nos leva a vida eterna. Por isso vi que existia a
necessidade de falar um pouco mais sobre esse pensamento.
O
fato é que ainda afirmo, não existe felicidade eterna a não ser no Céu. Deus é
nossa única necessidade para sermos felizes, todo o resto é apenas ilusão. A
vida que temos aqui é imperfeita, cheia de sofrimentos e decepções, em que as
pequenas doses de felicidade, são atropeladas pela terrível rotina e pelo mundo
sufocante em que vivemos. Até mesmo o contato que temos com o divino pode ser
cegado pela sobrecarga do mundo. Logo, podemos estar tão cegos e perdidos, tão
amargurados e cheios de decepções, que a felicidade neste mundo parece
impossível.
Como
disse no último texto, a felicidade aqui não pode ser eterna, pois se fosse,
nunca buscaríamos Deus, ficaríamos completos por nós mesmos, por nossas
atitudes, por nossos méritos e assim, nunca teríamos necessidade de buscar
Alguém maior, que está fora de nós, fora de nossos planos. Só assim podemos dar
valor ao Céu e a nossa necessidade de um dia estar Nele, podemos ter sede de
Deus e da vida perfeita ao lado Dele.
Com
essa afirmação surge uma questão pertinente: então agora que eu tenho consciência
de Deus e da minha infelicidade humana, posso ir pro Céu? Não seria melhor
acabar com minha vida e me entregar no Amor Perfeito de Deus?
Não
vou entrar em discussão sobre vida e morte, pecado e salvação e coisas do tipo,
não quero ser teórico no nosso sofrimento que é sempre tão prático. Não existe
uma pessoa que após um momento grandioso de felicidade não seja tentado e
atacado pela depressão pós-alegria. Aquele sentimento de saudade e nostalgia
que descrevi no texto anterior. Esse sentimento está relacionado a tudo: família,
romance, trabalho, amigos, todo e qualquer momento que foi muito e bom e acabou.
Pode ser desde um final de semana divertido, até mesmo anos de um namoro que
termina. Podemos ficar dias, meses e até anos presos nesse sentimento, a vida começa
a passar como um peso a ser carregado, deixando de ser um dom de Deus e se
tornando um fardo, esse mesmo que, sem Deus, se torna insuportável.
Precisamos
entender o que é o desejo. Temos em nosso coração um desejo enorme, que é colocado
em nós por Deus no momento de nossa criação. É esse desejo que guiará nosso
coração pela busca da felicidade, que no fim, só encontramos no Senhor. É uma
jogada esperta de Deus: colocar em nós algo insaciável, que só é preenchido
pelo Seu Amor. E isso é inegável, seja por nós cristãos ou por ateus: existe
algo em nós que precisa ser constantemente preenchido, uma força que nos move a
buscar sempre mais, porém, para aqueles que não acreditam em Deus, esse desejo
sempre será insaciável e pode até ser confundindo, como alguns filósofos de
fato o fizeram, colocando essa satisfação em desejos humanos, como sexo,
dinheiro, etc, ou seja, prazeres finitos. Fica difícil negar: temos um desejo
infinito de felicidade e tudo o que existe nesse mundo é uma felicidade finita,
então, o que nos pode preencher? Ou Quem? E quanto mais você tem, mais você
quer ter, mas nunca ficará satisfeito e então entra a frustração de se viver,
nunca estar completo.
Descobrir
Deus nos entrega a plenitude do desejo, a fonte que nunca se esgota, onde podemos
beber de Amor e sempre ter mais do que esperamos, é a vontade infinita de se
preencher encontrando a vontade infinita se doar. Porém bebemos profundamente
de Deus, mas ainda sim, estamos no mundo, logo, temos que encontrar Deus no
mundo, para não vivermos a alienação de que a vida é completamente ausente de alegrias
verdadeiras. A vida é ausente da felicidade eterna, que é Deus, mas repleta de
chances de alegrias pequenas e verdadeiras.
Vamos
pensar que existe uma diferença entre felicidade e alegria: a felicidade é
divina e a alegria é humana. Uma vez que encontramos Deus, nos preenchemos de
felicidade, algo eterno, que nos dá paz, que nos entrega a certeza da plenitude
do Seu Amor e do Céu. Mas ainda sim, precisamos estar no mundo e termos
alegrias que só as pessoas, com seus erros, suas falhas e seus defeitos podem
nos dar. Estranho, mas humano, somos alegrados por nossos defeitos e por nossa
forma errada de buscar Amor. Graças a isso, somos capazes de amar e nos
decepcionar e aí, tentar amar de novo e decepcionar e amar de novo. A gente chora e ri, sofre até morrer e ressuscita cheio de alegria, achamos que nunca mais vamos nos alegrar e logo estamos sorrindo.
A
felicidade que não está neste mundo é o que nos dá a chance de nos alegrarmos
aqui, de aprendermos com a vida, com as pessoas, pois no Céu, seremos todos
perfeitos, mas aqui, podemos aprender a Amar a imperfeição e essa é a nossa
missão aqui, aprender a Amar como Jesus amou (#clichemasfato). Imagine Deus ao
ver sua obra completamente corrompida e cheia de maldade, como foi difícil nos
amar, sendo totalmente diferentes daquilo que Ele sonhava para nós. Assim nós
também temos que aprender a Amar as nossas próprias imperfeições e dos outros,
por isso viver é tão importante, ter um olhar para a felicidade eterna do Céu,
mas compreender que nós, pobres e falhos humanos, somos capazes de nos amar e
nos alegrar uns com os outros, ou seja, pela felicidade de Deus, podemos nos
alegrar com os homens.
Essa
foi a segunda maior descoberta da minha vida, a primeira, claro, foi o Amor de
Deus e recentemente tive a graça de descobrir e experimentar, que mesmo os
momentos de alegria não sendo eternos, são maravilhosos se vividos com a felicidade
dada por Deus. Hoje sequer sinto saudade pelas coisas que passaram, sinto
alegria por que elas aconteceram e fico ainda mais alegre esperando para as
novas que virão. Encontrei a felicidade na alegria de se viver. A felicidade
divina só existe se aplicada na alegria humana. Assim Deus nos ama, assim
devemos nos amar.
Gostei mais desse... Rs
ResponderExcluirBjo
Thalita