segunda-feira, 6 de agosto de 2012

NÃO DEIXAR A MÁQUINA PARAR


                O que mais amo no Evangelho é a forma como Jesus ensinava, sempre com parábolas e comparações. Um passagem em especial me fez refletir muito nos últimos dias e se encontra em Marcos 2, 21-22. Nessa passagem Jesus fala sobre a transformação e renovação, que temos que colocar vinho novo, em odres novos, para que o odre velho não seja destruído.
                Jesus fala sobre isso em um nível pessoal, ou seja, para que sejamos capazes de receber a mudança que Ele tem para nos oferecer, precisamos renovar nossa alma, nossa vida, nosso modo de pensar e até nosso corpo, caso contrário, nunca seremos capazes de suportar a revolução do Espírito Santo em nós.
                Muitas vezes nos transformamos em odres novos, cheios de vinho novo, porém com tempo, vamos envelhecendo e nos tornando apáticos ao vinho novo, nosso corpo passa a não suportar mais o peso de servir e amar o Senhor. Levando isso para um grau mais elevado: E quando a nossa comunidade se transforma em um odre velho? Será que seremos capazes de suportar vinho novo e pessoas novas?
                Despois de se tornar um odre novo, somos chamados ao serviço para Deus. Nos tornamos então uma engrenagem nessa grande máquina chamada Igreja, onde o combustível é o Espírito Santo de Deus. Cada servo é uma peça importante para o bom funcionamento da máquina. Cada servo novo, cada membro que deseja ser parte da Igreja, encontra seu lugar para que a máquina continue funcionando.
                Todos nós somos engrenagens da Igreja, todos somos importantes, pois se uma falhar, pode parar tudo dentro da máquina. Mas nós, em nossa inocente humanidade, começamos a nos sentir importantes demais, nos achar peças mais importantes que as outras. Sem pensar que somos importantes, mas não insubstituíveis. O odre novo começa a acreditar que seu vinho é melhor que o do outro.
                Na grande máquina da Igreja, existem todos os tipos de engrenagens, desde aquelas grades e pesadas, até aquelas pequenas e discretas. As vezes, uma engrenagem tem que abrir espaço para que outra possa entrar, outras tem que ser substituídas e outras precisam ser levadas para outros locais da máquina.
                O problema começa aí, quando temos que ceder a novas engrenagens, novas pessoas, novas idéias, novos modos de pensar e trabalhar. Nos tornamos aquelas velhas e enferrujadas engrenagens, que já estão ali faz tempo e forçamos as pobres novas engrenagens a trabalhar no nosso ritmo. Não cedemos lugar para que elas possam usar toda a sua força jovem para caminhar mais rápido, pois nosso medo de ficar para trás nos torna tiranos e supostos donos da verdade.
                Talvez seja essa nossa hora de ceder espaço, talvez sejamos nós quem segura toda a máquina. Ficamos lá, odres velhos, engrenagens velhas, o vinho novo já secou e o óleo do Espírito Santo, que te fazia trabalhar bem, já não está bom. É hora de trocar.
Acreditamos que nosso modo de trabalho é o correto e chegamos a pensar daqueles que acabaram de chegar: Quem é você para opinar aqui? Eu já estou aqui faz tempo e sempre foi assim. Então talvez as engrenagens sempre trabalharam errado. Talvez fossemos nós, engrenagens, quem fizemos a máquina nunca funcionar como deveria.
O tempo vai fazendo as engrenagens envelhecerem e não aguentarem mais o serviço que foram inicialmente colocadas, mas muitas se recusam a sair dali. Pra encontrar uma engrenagem velha é só olhar o barulho que ela faz: quanto mais alto, mas velha e menos óleo ela tem. Nosso serviço na Igreja também fica assim: quando já estamos cansados daquele serviço começamos a reclamar demais, falar demais, fofocar demais e o nosso principal alvo são as novas pessoas, que tem todo fogo do Espírito que tínhamos, mas fomos perdendo com o tempo.
Deixar o serviço é tão difícil, que preferimos ficar reclamando a abandonar. Não queremos que uma engrenagem nova, pronta para o trabalho, nos substitua. No fundo, temos medo de que ela faça um trabalho melhor que o nosso, de que ela faça a máquina trabalhar de uma forma como nunca fizemos. Nossa ferrugem vai nos consumindo e pouco a pouco, passamos a contaminar toda a máquina. A pastoral passa a não dar resultados, os encontros passam a ser chatos, preferimos destruir algo a nos deixar que nos substituam.
Nós todos precisamos de tempo para a manutenção. Deus é nosso mecânico. Ele precisa colocar óleo, que é o Espírito Santo novamente em nós. O nosso odre precisa ser reformado dia a dia, para não arrebentarmos. Precisamos de manutenção, para que não sejamos uma engrenagem parada na máquina.
Muitas vezes Deus precisa nos tirar de um local forte da máquina, que trabalha rápido demais e nos colocar em um local mais lento, ou até nos guardar por um tempo na caixa de ferramentas. Se a engrenagem trabalha demais, sem ter manutenção, além de atrapalhar o funcionamento de toda a Máquina-Igreja, ela pode quebrar, estragar e aí, o trabalho será muito mais difícil e doloroso.
Temos que parar de acreditar que nós sabemos como a máquina funciona, pois isso só depende de Deus. Nós não somos maiores e nem menores do que nenhuma peça dessa máquina e precisamos ter humildade de reconhecer que a máquina continuará seu movimento sem nós e ainda mais, que nós podemos estar sendo o empecilho para que ela funcione como deve. Precisamos analisar nosso serviço e refletir sobre onde nos encaixamos corretamente ou se precisamos de um tempo para manutenção.   

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